8.2.06

Sentado nos Degraus

Jerônimo, a voz arfante, os olhos claros, na escada logo atrás o velho com a barba caindo no peito, os cabelos desgrenhados entrando em suas orelhas, o olhar vago de seu José na escada, o papel escuro em uma mão, o lápis mordiscado na outra, o paletó de Jerônimo, a caneta pendurada no bolso da frente, as moedas no parapeito da janela, duas moedas da mesma face. “O que ele escreve ali?”, perguntei. “Não escreve nada. Não sabe escrever, e é surdo.” Com seus olhos ainda voltados para o céu, acenei um adeus quando desci as escadas, gesto inútil. Seu José fitava as nuvens do mesmo modo que fazia quando cheguei.