17.7.06

Anti-poema

Queria ter te conhecido quando
– pra mim –
era difícil dizer “eu te amo.”

Mas te conheci no auge de minha adolescência
em que o amor se tornou mera relação
[de troca de valores.
E é aí que eu me pergunto
da flor anônima que o garoto deixava no caderno dela.
Onde está a poesia
das olhadelas por baixo da carteira?
das mentiras a mamãe para sair e espiar as calcinhas
[no banheiro da escola?
da descoberta do amor inocente
(início de paixão indecente)?
das mãozinhas dadas e sorrisos trocados?
das palavras que faltavam nas declarações infantis?

Onde;
onde é que está a danada dessa poesia
se hoje até a poesia exige que as palavras não faltem?