30.4.08

8 (oito) leis do movimento foleguista

primeira lei: não obedecerá nada que lhe impuserem;

segunda lei: descreverá os sentimentos, e não os fatos, esses que são demasiadamente enfadonhos e/ou enroladores-de-lingüiça;

terceira lei: ignorará qualquer ordem cronológica ou categórica que possa limitar seu texto de qualquer forma & maneira;

quarta lei: saudará principalmente o desejo carnal, o amor, a paixão e todo e qualquer tipo de vício, esses que são os assuntos mais nobres do homo urbanus;

quinta lei: não se preocupará com os níveis de corretidade das palavras, mas acima de tudo com sua sonoridade;

sexta lei: tornará a música parte de seus versos, e os ritmos serão elemento-chave de sua prosa;

sétima lei: amará profunda & eternamente todo tipo de vida;

oitava lei: viverá, escreverá, cantará e amará em um só fôlego - teu descanso será um sussurro, e, se dormir, que sonhe com corridas de avião.

23.4.08

manifesto do movimento temperalista que se proclama mais amante do frio do que os outros movimentos do brasil que assim como nós dizem amar essa terra

queria poder escrever alguma coisa p'ra você, qualquer coisa que espero que pudesse te alegrar um pouco, digo, fazer seus olhos brilharem - haha, impressão, isso de os olhos brilharem não passa de uma mera expressão facial simples em que os olhos se abrem e as pálpebras deixam entrar um pouco mais de luz que as pupilas refletem, nada de excepcional, mas voltando -, queria te deixar um pouco mais feliz hoje, abrir nesses seus lábios rugosos de frio um sorriso que eu pudesse ver - e oh deus como eu queria ver -, mas é bastante difícil dadas as circunstâncias, esse sono que me mata, que me deixa nesse estado de completa insatisfação graças aos horários & aos estudos & os compromissos essas coisas todas que me atrapalham. é realmente duro conseguir dormir quando já são onze horas da noite e meu cérebro revira junto com meu corpo pela cama, o colchão e o cobertor estão aconchegantes e quentes mas não meus pensamentos, e todas as noites fico deitado com lembranças sem sentido ou inquietantes ou perturbadoras se derramando por mim - e eu não consigo definitivamente dormir enquanto penso no seu olhar ou no quanto é estupidamente infantil eu não ser capaz de escrever coisa alguma além dessas baboseiras românticas que são tão belas mas provavelmente lhe farão pensar que estou apaixonado, o que seria um tanto assustador levando em conta seu modo de ser em que você não se apaixona, não ama profundamente e talvez, aposto, tenha um leve medo de se deixar levar por esses comichões que vez por outra te acometem e que, se fossem comigo, como às vezes são, me fariam criar um texto com letras e letras e palavras e palavras que não dizem nada a ninguém exceto a mim mesmo.

fico imaginando como eu definiria os dias que vivo agora se minha vida fosse classificada em capítulos. em geral chego à conclusão de que chamaria de ''transição sem objetivo final'', principalmente porque o tempo todo planejo um futuro próximo que nunca está próximo o suficiente, distante demais para se pegar com as mãos mas perto o bastante para que não me saia da cabeça, e é o ter um apartamento com livros e vinho e cigarros e charutos baianos ou conseguir viver minha vida ao seu lado ou não, abandonar meus amigos aos poucos - meu maior medo - ou abraçá-los nas salas-das-lareiras da vida, assistir mais um filme do marlon brando ou me decidir por escolher um novo do woody allen, me aprofundar mais nesses recantos apaixonados ou desistir de todos eles e finalmente seguir o curso do sexo descompromissado & cheio de conseqüências à consciência (se sentir mal por uma mentira ou duas, ficar se perguntando noite após noite se você ama alguém ou apenas uma parte em especial de seu corpo); (pequena brincadeira de entendimento, interpretação ou discernimento: se essa crônica-conto-poesia-em-prosa fosse uma casa de apostas, apostaria que você não se lembra em absoluto de como todo esse fluxo de raciocínio começou, ou se lembra? eu disse, avisei prontamente que era de todo irreconhecível e insensato ler isso tudo - eu não o faria, acredito piamente, se não fosse um pedaço de minhas lembranças essa confusão toda de caracteres. mas talvez seja essa a graça, não? conseguir desvendar um pouco de cada coisa que se espalha na minha cabeça no meio de tudo isso, mas isso, claro, só surtiria efeito se o leitor tivesse qualquer interesse em saber o que se passa comigo, ou seja, só meus camaradas se darão ao trabalho de encarar essa merda toda aqui).

espero que não tenha outras noites como essa em breve, essas noites deprimentes e caladas demais, esses luares tão cheios de neblina, esse frio de pernas descobertas, esse medo que alguém acorde e me diga que não é saudável ficar até quase quatro da manhã fazendo esse tipo de coisa; tomara que em breve, bastante em breve, meus dedos possam enfim tocar um pouco do futuro que há tanto me aguarda mas não me contempla, e que então eu possa te amar o quanto eu quiser, botar discos amalucados e sessentistas do caetano ou do gil no meu som e ouvir com você enquanto nos espreguiçamos numa cama ou bebemos café - você prefere chá, preciso te apresentar o chimarrão -, ou assistimos algum filme sem som para podermos dublá-los, isso também seria engraçado e memorável. enquanto tudo isso não chega me contento com esse som baixinho, com esse falar baixinho, com essas responsabilidades baixinhas, com essa vida baixinha demais para mim, eu que sou alto - e você também é - e preciso de um mundo todo para abrir os braços e bocejar de manhã.

18.4.08

mais um pouco de poesia sem talento e obvia e claramente sem sentido também não faria nenhum mal a qualquer um que a lesse despreocupada & atentamente

podia olhar esses seus olhos circundados

reparar com ternura suas sobrancelhas arqueadas
me perder no castanho das suas pupilas vivas

podia perceber no contorno do seu nariz um resto

um resto da essência que o tempo todo me atinge
que talvez esteja nesse seu riso engraçado

podia sorrir olhando seu sorriso

delinear seus lábios com os olhos, desenhá-los
usar cores vivas e pintar na mente um retrato seu

podia pensar nos seus cabelos longos demais

no cheiro de você que eles parecem gritar
nas curvas que eles fazem ao descer seus ombros

mas quando realmente te encaro, íris a íris
é burrice tentar não pensar na doçura daquele beijo
literalmente, óbvio, graças ao malibu.

15.4.08

poema

(dedicatória uivante)

aos que urraram comigo com a boca esverdeada de maconha & sabe-se
[lá o que mais porque acharam nesse urro a melhor maneira de gritar a
[própria vida de professores & lições de casa & empregos fajutos &
[falta de perspectiva de vida aqui nessa terra ensolarada demais,

aos que juraram amor e amizade eternos sob o céu de lâmpadas dos
[postes públicos com fios de telefone de empresas privadas enquanto
[estavam cheios de álcool vagabundo comprado com dinheiro de
[vaquinha,

aos que me acobertaram com palavras acolchoadas quando eu estava
[em lágrimas fajutas e posteriormente desmascaradas como sendo
[falsas,

aos que talvez um dia possam olhar p'ra mim numa estação de metrô em
[são paulo (eu aposto na tietê, mas tem gente que pode pensar que tal
[encontro seria mais provável na sé) e dizer caralho há quanto tempo
[que eu precisava rir com você desse mundo palhaço.

(sê a vida)

se a vida coubesse nesses versos pequenos e murchos,
quem sabe eu poderia ter um pouco mais de talento e escrever algo bom
[e aí finalmente conseguir dormir.
se a vida coubesse nesse calor de seu corpo e nesse suor que se espalha
[pelo meu próprio corpo,
então eu não precisaria de mais nada mas o maldito shakespeare
[inventou o amor o que significa que eu não vou conseguir viver só de
[sexo.
se a vida coubesse naquele cheiro de sofá que escorria pelo seu rosto
[naquele vagão do metrô,
eu me embriagaria com seu perfume que nem de longe lembra os
[padrões perfumescos tanto divulgados nos comerciais do horário da
[novela, mas que me lembra as camas arrumadas da casa da minha avó.
se a vida coubesse nas palavras de um escritor,
duvido que ele discorreria assim como eu sobre o que ele sente em seu
[mais profundo recanto do cérebro, escritores vivem detalhando
[assuntos enfadonhos & que só fazem sentido a quem estiver disposto a
[parecer inteligente.
se eu coubesse nessa vida,
oh deus meu eu aposto que não estaria escrevendo isso tudo aqui que
[duvido que alguém encontre sentido mas sim eu estaria amando sem
[pensar algum amor novo dentro de um carro ouvindo uma música que
[me excitasse p'ra valer e me fizesse gritar baby I love you ou qualquer
[uma dessas porcarias tão gostosas de se ouvir.

11.4.08

às vezes olhar seu retrato
me faz sentir esse acorde gritante gritando seus lábios
seus lábios sussurrando um grito
grito me chama a gostar
amar não; apaixonar é bem mais divertido
embora um seja conseqüência direta do
outro
olho para cima pensando em você
te vejo correndo pelas estrelas
e escorregando pelas nuvens