23.4.08

manifesto do movimento temperalista que se proclama mais amante do frio do que os outros movimentos do brasil que assim como nós dizem amar essa terra

queria poder escrever alguma coisa p'ra você, qualquer coisa que espero que pudesse te alegrar um pouco, digo, fazer seus olhos brilharem - haha, impressão, isso de os olhos brilharem não passa de uma mera expressão facial simples em que os olhos se abrem e as pálpebras deixam entrar um pouco mais de luz que as pupilas refletem, nada de excepcional, mas voltando -, queria te deixar um pouco mais feliz hoje, abrir nesses seus lábios rugosos de frio um sorriso que eu pudesse ver - e oh deus como eu queria ver -, mas é bastante difícil dadas as circunstâncias, esse sono que me mata, que me deixa nesse estado de completa insatisfação graças aos horários & aos estudos & os compromissos essas coisas todas que me atrapalham. é realmente duro conseguir dormir quando já são onze horas da noite e meu cérebro revira junto com meu corpo pela cama, o colchão e o cobertor estão aconchegantes e quentes mas não meus pensamentos, e todas as noites fico deitado com lembranças sem sentido ou inquietantes ou perturbadoras se derramando por mim - e eu não consigo definitivamente dormir enquanto penso no seu olhar ou no quanto é estupidamente infantil eu não ser capaz de escrever coisa alguma além dessas baboseiras românticas que são tão belas mas provavelmente lhe farão pensar que estou apaixonado, o que seria um tanto assustador levando em conta seu modo de ser em que você não se apaixona, não ama profundamente e talvez, aposto, tenha um leve medo de se deixar levar por esses comichões que vez por outra te acometem e que, se fossem comigo, como às vezes são, me fariam criar um texto com letras e letras e palavras e palavras que não dizem nada a ninguém exceto a mim mesmo.

fico imaginando como eu definiria os dias que vivo agora se minha vida fosse classificada em capítulos. em geral chego à conclusão de que chamaria de ''transição sem objetivo final'', principalmente porque o tempo todo planejo um futuro próximo que nunca está próximo o suficiente, distante demais para se pegar com as mãos mas perto o bastante para que não me saia da cabeça, e é o ter um apartamento com livros e vinho e cigarros e charutos baianos ou conseguir viver minha vida ao seu lado ou não, abandonar meus amigos aos poucos - meu maior medo - ou abraçá-los nas salas-das-lareiras da vida, assistir mais um filme do marlon brando ou me decidir por escolher um novo do woody allen, me aprofundar mais nesses recantos apaixonados ou desistir de todos eles e finalmente seguir o curso do sexo descompromissado & cheio de conseqüências à consciência (se sentir mal por uma mentira ou duas, ficar se perguntando noite após noite se você ama alguém ou apenas uma parte em especial de seu corpo); (pequena brincadeira de entendimento, interpretação ou discernimento: se essa crônica-conto-poesia-em-prosa fosse uma casa de apostas, apostaria que você não se lembra em absoluto de como todo esse fluxo de raciocínio começou, ou se lembra? eu disse, avisei prontamente que era de todo irreconhecível e insensato ler isso tudo - eu não o faria, acredito piamente, se não fosse um pedaço de minhas lembranças essa confusão toda de caracteres. mas talvez seja essa a graça, não? conseguir desvendar um pouco de cada coisa que se espalha na minha cabeça no meio de tudo isso, mas isso, claro, só surtiria efeito se o leitor tivesse qualquer interesse em saber o que se passa comigo, ou seja, só meus camaradas se darão ao trabalho de encarar essa merda toda aqui).

espero que não tenha outras noites como essa em breve, essas noites deprimentes e caladas demais, esses luares tão cheios de neblina, esse frio de pernas descobertas, esse medo que alguém acorde e me diga que não é saudável ficar até quase quatro da manhã fazendo esse tipo de coisa; tomara que em breve, bastante em breve, meus dedos possam enfim tocar um pouco do futuro que há tanto me aguarda mas não me contempla, e que então eu possa te amar o quanto eu quiser, botar discos amalucados e sessentistas do caetano ou do gil no meu som e ouvir com você enquanto nos espreguiçamos numa cama ou bebemos café - você prefere chá, preciso te apresentar o chimarrão -, ou assistimos algum filme sem som para podermos dublá-los, isso também seria engraçado e memorável. enquanto tudo isso não chega me contento com esse som baixinho, com esse falar baixinho, com essas responsabilidades baixinhas, com essa vida baixinha demais para mim, eu que sou alto - e você também é - e preciso de um mundo todo para abrir os braços e bocejar de manhã.

3 Comentários:

Blogger Carmem Luisa disse...

Gabo, meu amor.
Não sei se entendo o que você disse, só sei que a vida é complexa e ao mesmo tempo simples demais para pensarmos nela como um mero momento ou simples fase (embora sejamos feitos de fragmentos de nossa vida, embora os momentos que consideremos inúteis não apareçam em nossas histórias); sei que nós somos como um todo uns bobões tentando decifrar o indecifrável, a verdade que já sabemos, escondida dentro de nós e trancada a sete chaves. Você está procurando as chaves. Meu conselho: viva. Nós dois achamos modos de viver muito diferentes, e embora tenhamos os mesmos objetivos, isso nos torna sol e lua; mas assim podemos nos ver todos os dias e conversar em silêncio como se o mundo que nós observamos girasse totalmente fora de nossa realidade (e na verdade isso seria uma bobagem, porque nós fazemos parte dele, tudo é unido).
Desejo sorte a você. E amor. E vida. E um bocado de paciência p'ra escrever, afinal, você o faz muito bem.
Amo você, eternamente.

2:39 PM, abril 23, 2008  
Blogger Marcela disse...

esta decido, vai ser Caetano que tocará na nossa trilha.

5:44 PM, abril 24, 2008  
Anonymous Anônimo disse...

MONSTRINHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

9:53 AM, abril 25, 2008  

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