oração dos que são fracos o suficiente para ter a coragem de viver
r***** disse que ia embora, eu achei que era só mais uma piada - em nosso círculo há tantas dessas -, mas pelo visto era coisa séria, era sério o suficiente para sua mãe o expulsar de casa depois de uma vida de bebedeiras e escapadas da escola - uma vida que ajudei a viver -, para longe, mandado rumo a uma guerra em que sofreria todos os danos, mas nem mesmo lhe daria o direito a uma vaga num hospital de veteranos,
e agora eu me lembro daquelas noites
aquelas noites doidas e cheias de álcool em que nós dois não tínhamos rumo e só a noite era a nossa estrada,
passávamos de cidade a cidade como de uma página a outra, de destilado a fermentado como de uma loira para uma morena, esquecíamos a dor interna de sermos fracassados, porque já não me sentia um fracassado quando olhava ao meu lado e via que tinha alguém que compartilhava meu fracasso - e, sempre, a minha sede de glória
glória a r***** que me fez viver, glória ao espírito santo que permeiou e abençoou aqueles dias
glória àquela noite em que fui encontrar minha garota na av. paulista mas a chuva e todas essas desgraças nos fez terminar enchendo a cara de vodka tomada de um gole só, para depois viajarmos bêbados e ainda termos tempo para ficar mais bêbados e invadir um show de rock, e eu me aventurar como cantor por duas músicas para depois ser chutado do palco, ir dormir pouco depois de encontrar velhinhos no meio da madrugada que cantaram e tocaram beatles comigo,
e essas coisas já não acontecem mais agora que eu tenho um emprego e uma vida organizada e essas merdas todas
e saber que não vou ter a chance de poder ressuscitar um sentimento que não sabia possuir até agora,
não mais se embriagar doce e violentamente para depois cuspir conhaque em letras de leminski,
perder isso aos poucos me faz pensar no quanto que vivo apenas por viver,
sem lembrar do que já se foi, o que se foi e continua indo sem que eu nem mesmo note, vai se perdendo como uma música velha, vai se esgotando,
e o que antes eu fui já não sou mais, e o que antes eu tinha como riqueza agora me serve apenas como sonho,
já não sei mais o quanto de mim ainda resta, que resto de mim ainda posso buscar,
glória a mim mesmo que vivi dias de glória
glória a mim mesmo e ao r*****
glória eterna a nós que vivemos o infinito do copo de vodka
que nos embriagamos para lembrar quem somos
glória ao espírito santo,
amém.
e agora eu me lembro daquelas noites
aquelas noites doidas e cheias de álcool em que nós dois não tínhamos rumo e só a noite era a nossa estrada,
passávamos de cidade a cidade como de uma página a outra, de destilado a fermentado como de uma loira para uma morena, esquecíamos a dor interna de sermos fracassados, porque já não me sentia um fracassado quando olhava ao meu lado e via que tinha alguém que compartilhava meu fracasso - e, sempre, a minha sede de glória
glória a r***** que me fez viver, glória ao espírito santo que permeiou e abençoou aqueles dias
glória àquela noite em que fui encontrar minha garota na av. paulista mas a chuva e todas essas desgraças nos fez terminar enchendo a cara de vodka tomada de um gole só, para depois viajarmos bêbados e ainda termos tempo para ficar mais bêbados e invadir um show de rock, e eu me aventurar como cantor por duas músicas para depois ser chutado do palco, ir dormir pouco depois de encontrar velhinhos no meio da madrugada que cantaram e tocaram beatles comigo,
e essas coisas já não acontecem mais agora que eu tenho um emprego e uma vida organizada e essas merdas todas
e saber que não vou ter a chance de poder ressuscitar um sentimento que não sabia possuir até agora,
não mais se embriagar doce e violentamente para depois cuspir conhaque em letras de leminski,
perder isso aos poucos me faz pensar no quanto que vivo apenas por viver,
sem lembrar do que já se foi, o que se foi e continua indo sem que eu nem mesmo note, vai se perdendo como uma música velha, vai se esgotando,
e o que antes eu fui já não sou mais, e o que antes eu tinha como riqueza agora me serve apenas como sonho,
já não sei mais o quanto de mim ainda resta, que resto de mim ainda posso buscar,
glória a mim mesmo que vivi dias de glória
glória a mim mesmo e ao r*****
glória eterna a nós que vivemos o infinito do copo de vodka
que nos embriagamos para lembrar quem somos
glória ao espírito santo,
amém.
2 Comentários:
te amo.
e esses dias acontecem todos os dias dentro dos nossos dias, nunca, abra um parenteses não esqueça que independentemente disso não passamos de dois moleques.
Engraçado que hoje, sem querer, eu abri na ultima página daquele livro do leminsky e encontrei o poema que o r***** escreveu no tietê.
Glória a ele, bem mais do que glória a qualquer outra coisa
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